Armindo Vaz, OCD
«O Senhor falou a Moisés no monte Sinai, dizendo: “Nesse ano de jubileu, retornareis todos às respectivas propriedades. Se venderes alguma coisa ao teu próximo ou dele a comprares, não vos prejudiqueis um ao outro. Comprarás do teu próximo, tendo em conta o número de anos transcorridos desde o último jubileu: ele venderá a ti, tendo em conta os anos de colheita. Quanto maior for o número desses anos, tanto mais subirás o preço de venda; e quanto menor for, tanto mais descerás o preço, pois ele vende-te um determinado número de colheitas. Ninguém de vós prejudique o seu próximo. Teme o teu Deus, porque Eu sou o Senhor, vosso Deus”» (Levítico 25,1.13-17).
No passado dia 18 de Dezembro, o Papa Francisco declarou santas as bem-aventuradas 16 Carmelitas Descalças do convento de Compiègne, que tinham sido beatificadas como mártires por Pio X em 1906. Foram guilhotinadas por ódio à fé no dia 17.7.1794 em Paris, no final do Terror durante a Revolução Francesa. A esperança com que elas se ofereceram a Deus pela paz entre o Estado e a Igreja foi julgada como «fanatismo» pelo tribunal revolucionário que as condenou à morte. Aceitando livremente a morte e dando a vida, com Deus pelos homens, tornaram-se consciência da humanidade. Deram testemunho da igualdade, da liberdade e da fraternidade aprendidas do evangelho de Jesus: «Vós sois todos irmãos» (Mt 23,8).
Numa das exortações mais convincentes da Bíblia, Paulo incute aos cristãos Romanos confiança inatacável, apontando precisamente a esperança como razão para superar os ataques à vida humana: “Somos tratados como ovelhas destinadas ao matadouro. Mas em tudo isto saímos vencedores graças àquele que nos amou. Sim, estou certo de que nem a morte nem a vida…, nem o presente nem o futuro…, nem a altura nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor” (8,36-39). Por isso, “a vida que agora tenho na carne vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20). Esta não é uma esperança vazia e infundada. Tem conteúdo. Fundamenta-se no amor histórico de Jesus, ao manifestar em pleno o amor de Deus salvador no arco temporal que se abriu com o seu Natal. A esperança da humanidade no Desejado de todos os povos começou a efectivar-se no seu Natal.