Armindo Vaz, OCD

No ano do jubileu 2025, os cristãos são exortados a «reconhecer nos vossos corações como santo o Senhor, o Messias/Cristo, sempre dispostos a fazer apologia [a dar explicação] a todo aquele que vos pedir razão da esperança que está em vós» (1Ped 3,15). Tal exortação significa que os cristãos deveriam estar prontos para uma resposta vitoriosa a quem lhes perguntasse acerca da esperança que os habita e anima. E hoje, vivendo sob o signo de crise acentuada como não acontecia desde 1945, a necessidade de testemunharem a esperança torna-se premente para eles. A boa razão e o fundamento da esperança devem ser postos em Jesus, na sua pessoa e na sua acção históricas. É essa a visão da fé apostólica da 1Pedro, escrita em tempo de perseguição dos cristãos para confortar os fiéis a Jesus e para os animar a permanecerem firmes na esperança perante  a oposição do mundo: «Porque também o Messias/Cristo morreu uma vez por todas pelos pecados, o inocente pelos culpados, para nos conduzir a Deus, condenado à morte no seu corpo, mas restituído à vida pelo Espírito» (3,18).

O tempo de hoje não é mais tranquilo do que o da Igreja apostólica. Definido por alguns pensadores como crespuscular (da civilização ocidental, do cristianismo…), caracteriza-se pelo sentido de precariedade do presente e da incerteza do futuro. É um tempo em que o desconhecido que enfrentamos, devido ás imprevisíveis reacções dos chefes das nações, que estão longe de ser estadistas sensatos e responsáveis, dá medo, pelo horizonte de asfixia que impede ver com clareza o caminho em frente. Perante tal (falta de) perspectiva, a esperança cristã pôs então – e põe hoje – Jesus e a sua palavra na vida: «Não tenhais medo deles, nem vos perturbeis. Mas proclamai santo/transcendente e Ungido [de Deus] o Senhor nos vossos corações…». Fazei isso, «porém, com boas maneiras e com respeito e com a consciência limpa, para que naquilo mesmo com que vos caluniam fiquem envergonhados os que atentam contra o vosso bom comportamento em Cristo» (3,14-16). O próprio Jesus já tinha incutido esperança aos discípulos para os tempos maus, afugentando o fantasma do medo: «Não tenhais medo dos que matam o corpo mas não podem matar a alma» (Mt 10,28). E 365 vezes sai na Bíblia a afirmação «não tenhais medo». É a esperança a partir das Escrituras.