A Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP) organiza, entre 4 e 25 de junho de 2025, a Summer School “Constelações do Crer – nos 1700 anos do Concílio de Niceia”, uma iniciativa online que visa refletir sobre o impacto duradouro deste marco histórico na fé cristã e na cultura ocidental.

O Primeiro Concílio de Niceia, que teve lugar há 1700 anos, foi um acontecimento estruturante não só para a história do cristianismo, mas também para a própria história da religião ocidental. Além de se tratar do primeiro encontro ecuménico da História da Igreja, concebido para esclarecer complexas questões teológicas que foram marcando um difícil e divisivo debate entre diversas autoridades religiosas, teve a inusitada particularidade de acontecer por iniciativa de uma figura política, o primeiro imperador cristão de Roma, Constantino.

É neste complexo e algo surpreendente contexto que surge o Credo de Niceia, decorrente de várias formulações anteriores. Emanado de um período emergente do cristianismo, caracterizado por uma intensa e plural criatividade, foi também uma primeira de muitas tentativas históricas de trazer homogeneidade à fé cristã – com consequências nem sempre previsíveis. Esta espécie de «cristalização» do «acreditar» pode e deve ser enquadrada não só nas suas consequências para a Teologia e a História do Cristianismo, mas também para a própria História das Religiões. Porque não tinham, por exemplo, as religiões do mundo antigo o equivalente a um credo ou a uma manifestação estruturada de crença? Qual a sua utilidade? Qual a sua necessidade? Que consequências teve para a própria História política do Ocidente? Que matizações teve na liturgia e na vida da Igreja?

Esta Summer School pretende, assim, oferecer uma possível chave de resposta para estas e outras questões, partindo de uma perspetiva fundamentalmente interdisciplinar, e articulando diversos contributos da história e da antropologia das religiões, da teologia sistemática, da história do cristianismo, da filologia, da arquitetura e dos estudos litúrgicos. Procura-se, pois, refletir sobre um acontecimento do séc. IV, enquanto artefacto social e cultural, que transformou e foi transformado pelo contexto em que ocorreu.