Manuel Reis, OCD
No dia 16 de Outubro, o Papa Francisco canonizou Isabel da Trindade com estas palavras: «Declaramos e definimos Santa a Beata Isabel da Trindade, e inscrevemo-la no Álbum dos santos, estabelecendo que em toda a Igreja ela seja devotamente honrada entre os Santos. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo». Agora é Santa para toda a Igreja. A Nota Íntima 4 é um eco do Acto de oferecimento ao Amor Misericordioso de Teresa de Lisieux – «Desejo ser Santa, mas sinto a minha incapacidade, e peço-vos, ó meu Deus, para serdes vós próprio a minha Santidade» –, lido e copiado por Isabel na História de uma Alma.
«… Vítima de holocausto. Oh, torna-me mártir do teu Amor, que este martírio me faça morrer. Tira-me a liberdade de te desagradar, que nunca te faça a mais leve ofensa. Quebra, arranca do meu coração tudo o que te desagrade. Quero cumprir sempre a tua vontade, corresponder sempre à tua graça. Ó Mestre, quero ser santa para ti, sê a minha santidade, pois conheço a minha fraqueza. Oh! Jesus, obrigada por todas as graças que me concedeste, agradeço sobretudo por me teres provado. É tão bom sofrer por ti, contigo. Que cada batimento do meu coração seja um grito de reconhecimento e de amor» (NI 4).
«Ó Jesus, meu Bem-Amado, como é doce amar-te, pertencer-te, ter-te por único Todo! […] Desejo ser santa contigo e para ti, mas sinto a minha incapacidade, oh! sê a minha santidade […] Oh!, cada batimento do meu coração é um acto de amor. Meu Jesus, meu Deus, como é bom amar-te, ser inteiramente tua!» (NI 5).
Isabel promete a Jesus orar continuamente, fazer da sua vida um acto de amor e ser carmelita no interior: «Que a minha vida seja uma contínua oração! […] Ah! já que tudo sabeis, sabei apenas que vos amo! Ajudai-me a fazer muito bem este retiro, pois, para vós, desejo tornar-me uma santa. Ainda me resta um longo ano para viver no mundo, então que eu o passe fazendo muito bem! Construí em mim a carmelita, pois dentro já a posso ser e quero sê-lo. […] Amar-vos é tão bom, ser toda vossa, que queria que todas as almas saboreassem esta felicidade. Maria, ó minha Mãe querida, coloco este retiro sob a vossa protecção, vinde em meu auxílio a fim de fazerdes de mim uma santa!…» (Diário 138).
«Prometo ao meu Jesus humilhar-me e renunciar-me de cada vez que tiver ocasião por Seu amor […] Que eu viva no mundo sem ser do mundo: posso ser carmelita no interior e quero sê-lo. Ó meu Bem Amado, que eu passe santamente este tempo que me resta viver no mundo […] Desejo talvez por demais ir para o Carmelo […] Ah! que Isabel desapareça, que não fique senão o seu Jesus!» (NI 6).
«É muito bom olhar para a alma dos santos e depois segui-los pela fé até ao Céu […] Este Céu dos santos é a nossa pátria […] Os santos, esses é que tinham tão bem compreendido a ciência verdadeira, a que nos faz sair de tudo, e sobretudo de nós mesmos, para nos lançarmos em Deus e não viver senão d’Ele! […] Ele está em nós para nos santificar, peçamos-lhe pois que seja Ele próprio a nossa santidade» (Carta 184).
«Chegaremos porventura alguma vez a compreender quanto somos amados? Parece-me que é justamente esta a ciência dos santos (Ef 3, 16-19). […] Santifico-me por eles, a fim de que também eles sejam santificados na verdade» (Jo 17, 19). Esta palavra do nosso Mestre adorado, façamo-la inteiramente nossa, sim santifiquemo-nos pelas almas, e visto que todos somos membros dum único corpo, na medida em que possuirmos abundantemente a vida divina, poderemos comunicá-la no grande corpo da Igreja. Há duas palavras que para mim resumem toda a santidade, todo o apostolado: “União, Amor”. Rogai que eu assim viva plenamente, e para tal que permaneça inteiramente sepultada na Santíssima Trindade» (Ct 191).
«Na tarde desta festa do Preciosíssimo Sangue sinto-me convosco sob a efusão divina a fim de que o nosso Cristo nos guarde «santos e sem mácula na Sua Presença na caridade» (Ef 1, 4). O Apóstolo no-lo afirma, que é o grande desejo de Deus, possa ele realizar-se em nós» (Ct 226). «Fiz estrofes sobre o amor; tentei balbuciar o que é amar: creio que é a ciência dos santos, e não quero conhecer outra» (Ct 235). «“Sede santos, porque eu sou Santo”; é sob esta palavra que me recolho, ela é a luz sob cujos raios vou andar durante a minha divina viagem. […] “Desde a eternidade Deus elegeu-nos em Cristo a fim de que sejamos imaculados, santos diante d’Ele no amor”. Eis, pois, o segredo desta pureza virginal: permanecer no Amor, quer dizer em Deus, “Deus Charitas est”» (Ct 244). «Sejamos santas, irmãzinha, porque «Ele é santo» e para tal não cessemos de amar» (Ct 245).
«Confio-a em particular a uma pequena carmelita que morreu aos vinte e dois anos em odor de santidade, e que se chamava Teresa do Menino Jesus. […] Quer invocá-la comigo todos os dias para que ela lhe obtenha essa ciência que faz os santos, e que dá à alma tanta paz e felicidade!» (Ct 249). «Amar, é tão simples, é entregar-se a todas as Suas vontades, como Ele se entregou às do Pai […] Que seja Ele próprio a ensinar-te a ciência do amor na tua íntima solidão» (Ct 288).
«Li que «o mais santo é o que mais ama […] Que seja este o nosso programa» (Ct 293). «Ardo em zelo pelo Senhor Deus dos exércitos», foi a divisa de todos os nossos santos; foi ela que fez da nossa Santa Madre uma vítima de caridade […] Desejai obter para a vossa irmã a plena realização deste programa divino; tal como vós, ela tem um grande desejo de se tornar uma santa para dar toda a glória ao seu Mestre adorado! […] Tenhamos o ardor dos nossos santos pelo sofrimento e, sobretudo, saibamos demonstrar a Deus o nosso amor através da fidelidade à nossa santa Regra; tenhamos por ela uma santa paixão; se a guardarmos, ela há-de guardar-nos e fará de nós santos, quer dizer, almas tal como as queria a nossa seráfica Mãe, capazes de servir a Deus e à sua Igreja» (Ct 299). «Minha querida filha, quereria ser santa para te poder ajudar já aqui neste mundo, enquanto espero fazê-lo lá no alto» (Ct 310). «Peço-lhe que te dê este amor da Cruz que faz os santos» (Ct 311).